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corpos extranhos, 2009

corpos extranhos, 2009
impressão em jato de tinta sobre papel Hannemuhle 308g
50,6 x 45 cm
inkjet printing on Hannemuhle 308g paper  
50,6 x 45  cm 

50,6 x 45 cm



Esses CORPOS EXTRANHOS foram colecionados pelo Dr. Ildeu Duarte (1897 - 1985), otorrinolaringologista. Não se sabe por que ele constituiu essa coleção de objetos – todos os 292 extraídos de pacientes seus entre 1928 e 1969 –, identificando, datando, e numerando um a um.

O que se sabe é que ele:
  • teve uma madrinha inglesa;
  • curou a histeria de uma paciente que, chegando muda ao seu  consultório, e tendo sido examinada, atestando-se não haver problema algum em seu sistema fonador, foi – sem que lhe fosse revelado o propósito do procedimento e o diagnóstico que o sugeriu – posta numa cadeira giratória na velocidade máxima, soltando então um grito: – Ai!;
  • aconselhou um colega de profissão, angustiado com a própria homossexualidade, a levar a vida que lhe aprazia;
  • usava sempre terno e gravata, e chapéu e bengala ao sair à rua;
  • andava sem fazer barulho algum, de tal forma que se podia jurar  haver sempre algo – um tapete? – entre seus pés e o chão.

    Supõe-se, por esses poucos indícios, que a sua curiosidade – neutra, posto que compassiva – em relação à humanidade, tenha sido uma das motivações para a montagem da coleção, que, após a sua morte, foi mantida por sua filha, Maria Isaura Duarte Penna, e, após a morte dessa, doada, por seus filhos, a Rosângela Rennó.


Alícia Duarte Penna, 2008