título de trabalho
work title
textos selecionados
selected texts

coisas vivas, 2024
resistance of Breda or las lápidas, 2024
mutatis mutandis, 2024
colonial crime cabinet, 2024
cabeça, corpus e membros, 2022
projeto terra de José Ninguém, 2021 projeto eaux des colonies, 2020-2021
good apples | bad apples, 2019-2023
lanterna mágica, 2012
Río-Montevideo, 2011/2016
corpo extranho africano, 2011
per fumum, 2010-2011
menos-valia [leilão], 2010
matéria de poesia, 2008-2013
febre do sertão, 2008
a última foto, 2006
apagamentos, 2004-2005
experiência de cinema, 2004
corpo da alma, 2003-2009
bibliotheca, 2002
espelho diário, 2001
série vermelha (militares), 2000-2003
cartologia, 2000
vera cruz, 2000
parede cega, 1998-2000
vulgo/texto, 1998
vulgo, 1997-2003
cerimônia do adeus, 1997/2003
cicatriz, 1996/2023
paisagem de casamento, 1996
hipocampo, 1995/1998
círculos viciosos (472 casamentos cubanos), 1995
imemorial, 1994
atentado ao poder, 1992
a bela e a fera, 1992
duas lições de realismo fantástico, 1991/2015
as diferentes idades da mulher, 1991
obituários, 1991
paz armada, 1990/2021
anti-cinema, 1989

O espírito de Rosângela Rennó


Textos relacionados ao trabalho


Texts linked to the work magic lantern

    [...] A relação entre visível e invisível prossegue na instalação Lanterna mágica, na qual ampliações fotográficas em preto e branco, realizadas em papel à base de sais de prata e gelatina, encontram-se maculadas por uma grande mancha escura que toma todo o seu centro, formando uma espécie de buraco negro. Essas máculas foram provocadas por um deliberado excesso de luz irradiado sobre as suas superfícies, gesto provocado pela artista. As ampliações são acompanhadas por oito “lanternas mágicas” – projetores antigos do século 19 e do início do século 20. Somos convidados a manipulá-las, de forma a projetar sobre as paredes, ao lado das ampliações, visões agora imaculadas das mesmas paisagens. A artista faz uso da luz para produzir efeitos opostos, ora de aparição, ora de apagamento. Note-se que cada uma das projeções dura um tempo breve. Acionamos as lanternas, somos tomados pelo encantamento e, quando nos damos conta, tudo se apagou, deixando somente os vestígios na memória. Rosângela parece nos recordar aqui a possibilidade de alargarmos o tempo de dedicação a uma mesma imagem em uma época marcada pelo déficit de atenção.

    A dimensão da espera torna-se fundamental. E é justamente esta que encontra-se perdida em uma época na qual todo tempo “vazio” é preenchido. Ansiosos, passamos os dedos pelos celulares diariamente entrando em contato com milhares de imagens que serão, poucos segundos depois, esquecidas. Em Lanterna mágica, por um lado, a artista veda a imagem – procedimento característico de sua obra – e, por outro, deixa-a existir por uma duração breve. Assim, existe aqui a indução a uma atenção redobrada diante daquilo que sabemos que irá acabar, como também entra em cena a magia que somente o tempo da espera pode instaurar. [...]


    DUARTE, Luisa. O espírito de Rosângela Rennó. In Zum, 2017. Disponível em: https://revistazum.com.br/radar/espirito-de-tudo/

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